terça-feira, 10 de maio de 2011

O CASO DA MERDA NO E DO TEATRINHO MARANHENSE

Que a sociedade está em constante renovação é um fato que, hoje, com a aceleração dos processos e avanços da técnica, fica mais perceptível. Devido a essa renovação das estruturas sociais, a ‘tradição’ não pode e nem deve permanecer inalterável. E, claro, como todo processo de mudança, de transformação, os riscos são e serão inevitáveis.

Por exemplo, há no âmbito do teatro uma tradição antiga que remonta aos tempos das carruagens guiadas por cavalos – costuma-se desejar “MERDA” aos atores antes da entrada em cena. Sugere-se que como as carruagens ficavam à porta dos teatros
durante as apresentações, e, como é da natureza dos cavalos não ter um lugar
específico para a defecação, acontecia de ter muita “MERDA” à entrada dos teatros
ao término dos espetáculos.

Este era então um indicativo do sucesso das peças. Pois quanto mais “MERDA”
houvesse na porta das casas de espetáculo, mais público estaria ali presente para a
apreciação e consequentemente viria mais lucro, mais divulgação, ou seja, como dito, mais sucesso.

Hoje preciso defender a permanência dessa tradição. Primeiro por trabalhar o
símbolo, a metáfora. Acho isso tão importante nessa “sociedade de conceitos” com
limites tão demarcados! Segundo, porque é bem humorada e bom humor é sempre
bem vindo. E terceiro, porque se corre o risco sério de não estarmos entendendo o
percurso metafórico dessa tradição e estarmos nos embrenhando por um
desconfortável caminho da literalidade.

Explico: na sexta-feira, 06 de maio de 2011, com toda certeza o ator Paulo Diógenes, interprete da maravilhosa “Raimundinha”, deve ter recebido muitos votos de “MERDA” antes de mais uma apresentação, como sempre, digna de aplauso. Apesar de eu sentir falta em nossos teatros de espetáculos com conteúdo substancial, não posso, de modo algum, desmerecer o árduo trabalho desses guerreiros do teatro comercial. Afinal de contas, não sejamos hipócritas – dinheiro é bom e fundamental. E este povo está deseducado para assistir outra coisa. Culpa dos eleitores dos nossos governantes (falta educação meu povo!)

Tudo bem até aí. O problema foi depois dos primeiros 15 minutos de apresentação da Raimundinha, já lá pelas 21 horas e pouquinho mais. Alguém que não compreendeu o sentido real dessa tradição, e com a mente mais travadinha e limitada que aqueles há quem tentou de fato atingir, decidiu jogar uma camisinha cheia de “MERDA” na plateia. Indícios de uma guerra, terrorismo tão condenável quanto o 11 de setembro, ou vocês que quererão justificar a atitude covarde daquele que atirou a “MERDA” não acreditam que Bin Laden também tinha uma justificativa, aos olhos dele, plausível?

Eu me pergunto se pelo menos podemos chamar isso de atentado ao patrimônio
público. É, já que estamos falando de TEATRO ARTHUR AZEVEDO, melhor não.
Afinal de contas, de público, aquilo não tem nada. Mesmo assim ainda não posso
compactuar com essa revolta armada.

Se bem que não é de hoje que muita merda é derramada por ali, e escondida debaixo daqueles carpetes (ah! Esses foram comprados com dinheiro público – É! Tem algo público ali dentro: o dinheiro investido, mas parece que é só isso).
O produtor local do espetáculo Moraes Jr. Ficou muito indignado como não poderia
deixar de ser. Afinal jogaram merda no seu trabalho. Porque ele não tava, como
sempre, preocupado com o patrimônio público. Eu me pergunto qual das “MERDAS”
feitas ali dentro é maior: se essa, acontecida na última sexta-feira, ou as muitas vezes que nossos tão ‘ilustres’ produtores teatrais locais, os mais prestigiados pelo nosso ‘publicuzinho’ (MORAES JR. E GUILHERME FROTA) fumam no salão de entrada do teatro. Algo proibido por lei e que eles, no auge de suas arrogâncias, e como é de praxe no mundinho cultural do maranhão (preciso colocar em minúscula mesmo) decidem burlar frequentemente.

Mas gente! Não posso ser injusto e dizer que “MERDA” só acontece no TEATRO
SUJO ARTHUR AZEVEDO. A merda começa deste a Secretaria de Cultura, na
verdade desde o governo do estado. Preciso citar que a Secretaria de Cultura e sua
administração (não sei se o termo merecido é esse, mas...) decidiram convocar Aldo
Leite, Arão Paranaguá de Santana e Nerine Lobão para julgar os projetos do Edital
Universal (kkkkkkkkkkkkk) de Apoio (ashuashuashua) à Cultura Maranhense
(rsrsrs). Edital que adiou o prazo para divulgação de seu resultado final por mais de
três meses e que, no entanto, dois meses antes do resultado ser divulgado, já existiam grupos que se sabiam aprovados.

Na área teatral foram poucos os ‘mesmos’ aprovados. A desculpa? A Secretaria
dispõe de pouco dinheiro! Mesmo? E os oito milhões à Beija Flor, vem de onde?
Quero voltar rapidamente aos jurados do Edital Universal e blá blá blá. Mas
diretamente ao Sr. Aldo Leite. Tão premiado dramaturgo maranhense e professor da Universidade Federal do Maranhão. Onde o senhor coloca a Ética, tão fundamental à esses processos, quando decide dizer a um determinado grupo que este já estava aprovado dois meses antes do resultado final do Edital, justificando que: (palavras de Aldo Leite ditas à coordenação do distinto grupo)”se tu tava lá é claro que eu te aprovaria né?”? E assim foi feito. Parabéns a esse grupo pelo seu mérito, afinal ter bons contatos é fundamental e mérito de poucos. Senhor Aldo Leite, eu me chamo Alguém e juro que serei um bom amigo, vamos começar pelo senhor me aceitando no Orkut, pode ser?
alguéminconformadoinjusticado@cultura.comraiva.br. Me add lá ok? Beijos!

Gente! Desculpa, mas não estou fugindo da minha linha de raciocínio não. Estou
falando das “MERDAS” (é, gente, sinto muito também, mas é no plural sim) que
vemos e com a qual somos banhados todos os dias nesse nosso maranhão pra turista ver. Onde o povo é burro e continua votando igual, mas que tem sempre o melhor carnaval.


São Luís – MA, 09 de maio de 2011

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